No cenário corporativo atual, não basta apenas cumprir regras: é necessário promover um ambiente de trabalho ético, seguro e acolhedor. Nesse contexto, a atuação da área de compliance vai muito além da simples fiscalização de normas. Ela se torna uma aliada estratégica na prevenção de condutas abusivas, como o assédio moral e sexual, que ainda são recorrentes em diversas organizações.
Para enfrentar esse problema de forma efetiva, é fundamental estabelecer uma base sólida de prevenção. Isso envolve a criação de diretrizes internas bem definidas, a oferta de ações educativas sobre comportamento profissional e a disponibilização de canais acessíveis para que funcionários possam relatar situações de abuso com segurança e confiança. Mais do que procedimentos, essas iniciativas ajudam a formar uma mentalidade coletiva de respeito e responsabilidade.
As estatísticas evidenciam a gravidade da situação. Órgãos como o Tribunal Superior do Trabalho apontam que milhares de casos envolvendo assédio chegam à Justiça todos os anos. Pesquisas também revelam que grupos historicamente marginalizados, como mulheres e pessoas LGBTQIAP+, são frequentemente os mais atingidos por atitudes inadequadas no ambiente de trabalho. Isso exige das empresas uma postura ativa, empática e inclusiva.
Uma atuação eficaz do compliance passa por três dimensões essenciais: prevenir, monitorar e agir. A prevenção está relacionada à orientação e formação de todos os níveis hierárquicos sobre o que caracteriza condutas impróprias e como evitá-las. O monitoramento requer ferramentas que permitam identificar comportamentos desviantes de forma discreta, mas eficiente. E a ação envolve a apuração rigorosa dos casos, com garantias de justiça e imparcialidade.
Além disso, a tecnologia pode ser uma grande aliada nesse processo. Sistemas baseados em inteligência artificial, por exemplo, são capazes de aprimorar os canais de denúncia, oferecendo suporte mais rápido e direcionado, sem deixar de lado o acolhimento humano necessário em situações delicadas.
Vale destacar que nenhuma dessas medidas terá sucesso se não houver envolvimento direto da liderança. O exemplo vem de cima: quando gestores demonstram, por meio de atitudes concretas, que o respeito é um valor inegociável, isso se reflete em toda a cultura organizacional.
Investir em compliance não é apenas uma escolha ética — é uma decisão estratégica que protege pessoas, fortalece a imagem da empresa e contribui para a construção de ambientes mais justos e produtivos. Mais do que reagir a problemas, o papel do compliance é antecipar riscos e cultivar uma cultura em que todos se sintam valorizados, ouvidos e protegidos.
Fonte: deloitte.com
Por Instituto Bertol