Big Techs: Como elas mudaram o jogo e o que isso significa para a sua empresa

Nos próximos anos, a tecnologia vai ficar mais “invisível” e útil

As “Big Techs” não são apenas empresas de tecnologia gigantes. Elas são, hoje, a infraestrutura invisível do nosso dia a dia: da busca que fazemos antes de comprar qualquer coisa, ao aplicativo que usamos para trabalhar, pagar contas, conversar com clientes e guardar documentos. Entender como esses grupos funcionam ajuda sua empresa a decidir melhor onde investir, como proteger dados e como evitar dependências difíceis (e caras) de reverter.

O que são, afinal?

Chamamos de Big Techs as líderes globais que operam plataformas com alcance massivo, como mecanismos de busca, nuvens (cloud), redes sociais, lojas de aplicativos, marketplaces e soluções de IA. Nomes mais recorrentes: Alphabet/Google, Apple, Amazon, Meta e Microsoft; entre outras. O rótulo não é oficial, mas descreve bem empresas que concentram dados, capital, infraestrutura e talentos em escala inédita.

Por que chegaram tão longe?

Quatro motores explicam o crescimento:

1. Efeito de rede. Quanto mais usuários, mais dados; quanto mais dados, melhor o produto; quanto melhor o produto, mais usuários.

2. Ecossistemas de plataforma. Em vez de um produto isolado, elas criam um “lugar” onde outros constroem e vendem: APIs, lojas de apps, marketplaces.

3. Escala e cloud. Com a base crescendo, o custo marginal cai. A nuvem reduz barreiras de entrada e aumenta a velocidade de entrega.

4. Aquisição e P&D. Compras estratégicas e investimento bilionário em pesquisa aceleram a entrada em novos mercados e mantêm o ritmo de inovação.

Para empresas e pessoas, os ganhos são bem práticos: mais produtividade no dia a dia (copilotos que resumem reuniões, sugerem respostas e montam rascunhos), decisões mais rápidas com informações melhor organizadas, atendimento ao cliente mais ágil (chatbots que resolvem o básico e liberam a equipe para casos complexos), e custos menores para testar ideias já dá para experimentar IA sem projetos gigantes. Para o usuário comum, a experiência fica mais conveniente e segura: opções de privacidade mais claras, menos cliques para fazer compras ou agendar serviços, recomendações mais úteis e integração entre aparelhos e apps. No conjunto, é menos tempo perdido com tarefas repetitivas e mais espaço para focar no que realmente importa, seja fechar um contrato, seja ter uma tarde livre.

As principais preocupações giram em torno de três eixos: dados, dependência e qualidade. No primeiro, privacidade e segurança continuam no centro, ninguém quer vazamento, uso indevido ou coleta além do necessário. No segundo, há o risco de “ficar preso” a um único fornecedor (lock-in): mudar de plataforma pode sair caro e demorado, especialmente quando dados e integrações não são portáveis. No terceiro, entram os efeitos práticos do algoritmo e da IA: mudanças repentinas podem derrubar alcance ou encarecer anúncios; modelos podem alucinar, reforçar viés ou errar em contextos sensíveis. Some a isso regras novas (termos das plataformas) que exigem atenção constante, e o recado é simples: usar a tecnologia, sim, mas com governança básica, plano de saída e revisão humana onde o erro custe caro.

O que muda com a regulação?

O movimento regulatório já é realidade: regras de concorrência, proteção de dados, transparência algorítmica e governança de IA. A tendência é exigir interoperabilidade, portabilidade de dados, consentimento claro e gestão de riscos em modelos de IA (auditorias, relatórios, mitigação de viés). Para as empresas usuárias, isso significa mais atenção a contratos, processos e controles internos.

O que sua empresa deve saber a respeito:

Mapeie onde estão seus dados e sua dependência de plataformas (anúncios, cloud, lojas de apps) e já tenha um plano de saída com formatos de exportação e prazos. Negocie contratos com SLA, portabilidade e custo de egress bem definidos. Use IA com governança (revisão humana, registro do que foi gerado e política de privacidade clara) e acompanhe métricas sempre que houver mudanças na busca ou em algoritmos. Por fim, treine a equipe e faça uma revisão leve trimestral de privacidade e segurança é barato e evita sustos.

O que esperar nos próximos anos?

Nos próximos anos, a tecnologia vai ficar mais “invisível” e útil. A IA deve virar recurso padrão em quase todo app, aqueles copilotos que sugerem textos, organizam tarefas e tiram dúvidas sem drama. Por trás das cortinas, novos chips vão deixar tudo mais rápido e barato, então recursos que hoje parecem “premium” tendem a virar rotina. E a regulação deve aparecer mais no dia a dia, com avisos claros, opções de privacidade à mão e regras de transparência, o que dá trabalho para as empresas, mas também abre espaço para quem fizer o dever de casa e ganhar a confiança do usuário.

As Big Techs não são vilãs nem salvadoras. São parceiros poderosos desde que sua empresa mantenha autonomia estratégica. O caminho é simples de dizer e trabalhoso de executar: governança de dados, contratos bem amarrados, arquitetura preparada para mudar e uma cultura que aprende rápido. Com esses pilares, dá para colher o melhor da tecnologia sem perder o controle do seu negócio.

Por: Andressa Aparecida Nespolo – CEO do Instituto Bertol